Explorando a Publicidade Real

Em nosso post anterior, falamos sobre a pesquisa anual realizada pela J. Walter Thompson (JWT), agência de publicidade multinacional.

No relatório preparado por eles, chamado de The Future 100, constam as principais tendências de cultura, sociedade e mercado para o próximo ano.

Hoje, iremos falar mais detalhadamente de uma das tendências que achamos mais interessante na área de Marcas & Marketing.

Trata-se da Publicidade Real.

Seria essa a tendência que todos nós estávamos esperando? Na pesquisa do The Future 100, esse tópico fala a respeito de uma potencial inclinação das marcas a fazerem uso de cada vez menos recursos de edição de imagem, tomando como exemplo o tão conhecido Photoshop, concedendo aquele rosto “impecável” e sem defeitos dos modelos ali estampados.

Tomemos como exemplo a campanha realizada pela Dove, cujo nome era “Retratos da Real Beleza de Dove”, e que tinha como objetivo inspirar as mulheres a enxergar a própria beleza por meio de um filme que mostrava diversas reações de mulheres aos seus retratos, e o impacto da visão renovada delas mesmas.

A campanha foi um sucesso justamente por bater de frente com os padrões de beleza que são constantemente impostos por comerciais, revistas, TV e redes sociais.

Cada vez mais vemos surgir nas mídias campanhas que exaltam padrões de beleza alternativos para as mulheres, de forma que a diversidade do corpo feminino vem sendo cada vez mais celebrada e impulsionada por grandes mobilizações nas redes sociais.

Inclusive, o governo francês tomou uma posição que entrou em vigor a partir de outubro de 2017: Todas as fotos comerciais onde os modelos tivessem sofrido edições e alterações deveriam trazer uma indicação a esse respeito nas imagens.

Juntamente com a Itália, Espanha e Israel, a França também atuou em cima do padrão de magreza exagerada das modelos profissionais: Agora, elas precisam fornecer uma nota médica que afirme que elas estão todas saudáveis e dentro do peso ideal para o seu tipo de corpo.

De acordo com a pesquisa “Female Tribes” da JWT, 85% das mulheres do mundo concordam que a indústria deve ser mais realista ao retratar mulheres em seus comerciais e campanhas.

Essas mudanças não se tratam somente de questões como “corpo ideal”, mas também de estereótipo de gênero.

“Descrever estereótipos de gênero em anúncios é algo que tem potencial para reforçar como grupos ou indivíduos devem se comportar por causa do seu gênero e isso pode ter um efeito potencialmente nocivo”, declarou Ella Smillie, líder do projeto “Representações, Percepções e Danos” realizado pela Autoridade de Padrões de Publicidade (ASA).